25 de abril de 1974 - MFA hora a hora

  1. Rádio Renascença

    00:20

    A Rádio Renascença transmite a canção "Grândola, Vila Morena", de José Afonso, segundo sinal do MFA, para que os militares dessem início às operações previstas.

    Comunicado MFA

  2. Missões Militares

    03:00

    Início do cumprimento das missões militares, de acordo com o "Plano Geral das Operações".

    As principais forças do MFA são as seguintes:

    • Regimento de Engenharia N.º 1 (RE1), Lisboa;
    • Escola Prática de Administração Militar (EPAM), Lisboa;
    • Batalhão de Caçadores N.º 5 (BC 5), Lisboa;
    • Regimento de Artilharia Ligeira N.º 1 (RAL1), Lisboa
    • Carreira de Tiro da Serra da Carregueira (CTSC), Lisboa;
    • Regimento de Infantaria N.º 1 (RI1), Lisboa;
    • Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea e de Costa (CIAAC), Lisboa Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa (RAAF), Lisboa;
    • 10º Grupo de Comandos, Lisboa;
    • Escola Prática de Infantaria (EPI), Mafra;
    • Escola Prática de Cavalaria (EPC), Santarém;
    • Escola Prática de Artilharia (EPA), Vendas Novas;
    • Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), Estremoz;
    • Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), Lamego Agrupamento do Norte.

    São consideradas forças inimigas:

    • Guarda Nacional Republicana (GNR);
    • Polícia de Segurança Pública (PSP);
    • Direcção-Geral de Segurança (PIDE/DGS);
    • Legião Portuguesa (LP);
    • Regimento de Cavalaria N.º 7 (RC7);
    • Regimento de Lanceiros N.º 2 (RL2).

    As forças do MFA:

    03:10

    Principais movimentações das forças do MFA:

    • Quartel General da Região Militar de Lisboa, ocupado por uma companhia do BC 5;
    • Rádio Clube Português (RCP), defendida por outra companhia do BC 5 e ocupada pelo 10º Grupo de Comandos;
    • Rádio Televisão Portuguesa (RTP), estúdios do Lumiar ocupados pela EPAM;
    • Emissora Nacional, estúdios ocupados pelo CTSC;
    • Posicionamento de uma bateria da EPA em Almada;
    • A EPC dirige-se ao Terreiro do Paço;
    • EPI sai para ocupar o Aeroporto de Lisboa;
    • Companhias de Caçadores ocupam as antenas do RCP;
    • 5º Grupo de Comandos sai de Tomar para intervir no RC 7;
    • Força do RI 14 junta-se à da Figueira da Foz;
    • Sai uma força da EPE de Tancos;
    • O CIOE vai ocupar a sede da PIDE/DGS no Porto.
  3. General Spínola

    04:00

    O BC 5 garante a segurança da residência do General Spínola.

    Primeiro Comunicado

    04:20

    O Rádio Clube Português transmite o primeiro comunicado do MFA. O Aeroporto de Lisboa é ocupado pela EPI.

    Comunicado MFA

    "Aqui (Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.

    Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração que se deseja, sinceramente, desnecessária."

    Segundo Comunicado

    04:45

    Transmissão do segundo comunicado do MFA.

    "A todos os elementos das forças militarizadas e policiais o comando do Movimento das Forças Armadas aconselha a máxima prudência, a fim de serem evitados quaisquer recontros perigosos. Não há intenção deliberada de fazer correr sangue desnecessariamente, mas tal acontecerá caso alguma provocação se venha a verificar. Apelamos para que regressem imediatamente aos seus quartéis, aguardando as ordens que lhes serão dadas pelo Movimento das Forças Armadas. Serão severamente responsabilizados todos os comandos que tentarem, por qualquer forma, conduzir os seus subordinados à luta com as Forças Armadas."

    Apelo às forças militarizadas

    "Aqui Posto de Comando das Forças Armadas. Informa-se a população de que, no sentido de evitar todo e qualquer incidente, ainda que involuntário, deverá recolher às suas casas, mantendo absoluta calma. A todos os componentes das forças militarizadas, nomeadamente às forças da G. N. R., P. S. P. e ainda às forças da ID. G. S. e da Legião Portuguesa, que abusivamente foram recrutadas, lembra-se o seu dever cívico de contribuírem para a manutenção da ordem pública, o que na presente situação só poderá ser alcançado se não for oposta qualquer reacção às Forças Armadas. Tal reacção nada teria de vantajoso pois apenas conduziria a um indesejável derramamento de sangue que em nada contribuiria para a união de todos os portugueses. Embora estando crentes no civismo e no bom senso de todos os portugueses no sentido de evitarem todo e qualquer recontro armado, apelamos para que os médicos e pessoal de enfermagem se apresente aos hospitais para uma colaboração que fazemos votos por que seja desnecessária."

  4. Terceiro Comunicado

    05:15

    O Aeródromo de Tires é ocupado é ocupado pelo CIAAC. Transmissão do terceiro comunicado do MFA.

    Quarto Comunicado

    05:45

    A Escola Prática de Cavalaria ocupa o Terreiro do Paço. Transmissão do quarto comunicado do MFA.

  5. Cerco dos Ministérios

    06:00

    A EPC cerca os ministérios, a Câmara Municipal de Lisboa, os acessos ao Governo Civil, o Banco de Portugal e a Rádio Marconi.

    Regimento de Cavalaria 7

    06:30

    Chegada ao Terreiro do Paço de um pelotão do Regimento de Cavalaria 7, fiel ao Governo, comandado pelo Alferes Miliciano David e Silva que, após conversações, se coloca às ordens do MFA.

    Marcelo Caetano

    06:45

    O Posto de Comando toma conhecimento de que Marcelo Caetano, Presidente do Conselho de Ministros, está no Quartel do Carmo.

  6. Terreiro do Paço

    07:00

    O Agrupamento do Norte dirige-se ao Forte de Peniche, prisão da PIDE/DGS. O RAP 2 toma posição junto à ponte da Arrábida e a EPA junto ao Cristo Rei, em Almada. No Terreiro do Paço, oficiais da Polícia Militar e o Capitão Maltez da PSP, põem-se às ordens de Salgueiro Maia após conversações.

    Outro Comunicado do MFA

    07:30

    Transmissão de outro comunicado do MFA. Chegada à Ribeira das Naus de nova força do RC 7, comandada pelo Tenente-Coronel Ferrand de Almeida.

    Comunicado MFA

    "Conforme tem sido difundido, as Forças Armadas desencadearam na madrugada de hoje uma série de acções com vista à libertação do País do regime que há longo tempo o domina. Nos seus comunicados as Forças Armadas têm apelado para a não intervenção das forças policiais com o objectivo de se evitar derramamento de sangue. Embora este desejo se mantenha firme, não se hesitará em responder, decidida e implacavelmente, a qualquer oposição que venha a manifestar-se. Consciente de que interpreta os verdadeiros sentimentos da Nação, o Movimento das Forças Armadas prosseguirá na sua acção libertadora e pede à população que se mantenha calma e que se recolha às suas residências. Viva Portugal!"

  7. Ribeira das Naus

    08:00

    Uma força do Regimento de Lanceiros 2, contrária ao MFA, toma posição na Ribeira das Naus, em Lisboa. Prisão do Tenente-Coronel Ferrand de Almeida por Salgueiro Maia.

    Força da PSP

    08:30

    Uma força da PSP chega ao Terreiro do Paço, mas nem tenta entrar em confronto com as tropas de Salgueiro Maia.

  8. Fragata "Gago Coutinho"

    09:00

    A fragata "Gago Coutinho" - que integrava as forças da NATO em exercícios – toma posição frente ao Terreiro do Paço, recebendo ordens para disparar sobre as tropas de Maia, mas não chega a fazê-lo.

    Forças leais ao Governo

    09:30

    Os ministros da Defesa, da Informação e Turismo, do Exército e da Marinha, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o Governador Militar de Lisboa, o sub-secretário de Estado do Exército e o Almirante Henrique Tenreiro fogem por um buraco que abriram na parede do ministério do Exército e dirigem-se para o Regimento de Lanceiros 2, onde instalaram o Posto de Comando das forças leais ao Governo.

    09:45

    Forças leais ao Governo, comandadas pelo Brigadeiro Junqueira dos Reis, chegam ao Terreiro do Paço.

  9. Ribeira das Naus

    10:00

    Na Ribeira das Naus, o Alferes Miliciano Fernando Sottomayor, do RC 7, não obedece às ordens do Brigadeiro Junqueira dos Reis para disparar sobre Salgueiro Maia e as suas tropas, o que leva o Brigadeiro a dar ordem de prisão a Sottomayor e a ordenar aos soldados que disparassem. Tendo-se estes recusado também a disparar, Junqueira dos Reis dispara dois tiros para o ar, abandona o local e dirige-se para a rua do Arsenal.

    Novo Comunicado do MFA

    10:30

    Rendição do Major Pato Anselmo, do RC 7 e transmissão de um novo comunicado do MFA.

    "O Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas constata que a população civil não está a respeitar o apelo já efectuado várias vezes para que se mantenha em casa. Pede-se mais uma vez à população que permaneça nas suas casas a fim de não pôr em perigo a sua própria integridade física. Em breve será radiodifundido um comunicado esclarecendo o domínio da situação."

    Rua do Arsenal

    10:45

    Na Rua do Arsenal, o Brigadeiro Junqueira dos Reis dá ordem de fogo sobre o Tenente Alfredo Assunção, que fora enviado por Salgueiro Maia para negociar com as forças de Junqueira dos Reis. Tendo sido, de novo, desobedecido pelos seus militares, acaba por dar três murros no Tenente Assunção.

  10. Cerco ao Quartel da GNR no Largo do Carmo

    11:30

    O Posto de Comando envia uma coluna militar, comandada pelo Major Jaime Neves, para ocupar a Legião Portuguesa na Penha de França e uma coluna, comandada por Salgueiro Maia, para o Quartel do Carmo, onde se encontravam Marcelo Caetano, Rui Patrício, ministro dos Negócios Estrangeiros e Moreira Baptista, ministro da Informação e Turismo. Salgueiro Maia comanda as forças da EPC que vão cercar o Quartel da GNR no Largo do Carmo, em Lisboa.

    relato

    Situação dominada de Norte a Sul

    11:45

    O MFA informa o país, através do RCP, que domina a situação de Norte a Sul.

    "Na sequência das acções desencadeadas na madrugada de hoje, com o objectivo de derrubar o regime que há longo tempo oprime o País, as Forças Armadas informam que de Norte a Sul dominam a situação e que em breve chegará a hora da libertação. Recomenda-se de novo à população que se mantenha calma e nas suas residências para evitar incidentes desagradáveis cuja responsabildade caberá integralmente às poucas forças que se opõem ao Movimento. Chama-se a atenção de todos os estabelecimentos comerciais de que devem encerrar imediatamente as suas portas, colaborando desta forma com o Movimento, de modo a evitar açambarcamentos desnecessários e inúteis. Caso esta determinação não seja acatada, será forçoso decretar o recolher obrigatório. Ciente de que interpreta fielmente os verdadeiros sentimentos da Nação, o Movimento das Forças Armadas prosseguirá inabalavelmente na missão que a sua consciência de portugueses e militares lhes impõe. Viva Portugal!"

    Pontinha

    11:50

    Os oficiais feitos prisioneiros no Terreiro do Paço são enviados para o Posto de Comando, na Pontinha.

  11. Quartel do Carmo

    12:00

    Uma força do Regimento de Infantaria 1 tenta impedir o acesso da coluna da EPC ao Quartel do Carmo, mas Salgueiro Maia convence-os a juntarem-se às suas tropas.

    Rua do Carmo

    12:15

    A coluna da EPC, comandada por Salgueiro Maia, chega ao Chiado pela Rua do Carmo, envolvida por uma multidão de apoiantes civis.

    Largo do Carmo

    12:30

    As forças de Salgueiro Maia cercam o Largo do Carmo e recebem ordens do Posto de Comando para abrir fogo sobre o Quartel da GNR, para obter a rendição de Marcelo Caetano.

    Forças da GNR

    12:45

    A população distribui comida, leite e cigarros pelos militares presentes no Largo do Carmo. Forças da GNR tomam posição na retaguarda das tropas de Salgueiro Maia, em defesa do regime.

  12. Largo do Carmo

    13:00

    O Brigadeiro Junqueira dos Reis tenta cercar as forças de Salgueiro Maia com a ajuda da GNR, da Polícia de Choque e uma companhia do RI 1. Forças do RC 3 chegam à ponte sobre o Tejo e dirigem-se ao Largo do Carmo. É transmitido novo comunicado do MFA.

    "O Movimento das Forças Armadas informa as famílias de todos os seus elementos que eles se encontram bem e que tudo decorre dentro do previsto. Pretendendo continuar a informar o Pais sobre o desenrolar dos acontecimentos históricos que se estão processando, o Movimento das Forças Armadas comunica que as operações, iniciadas na madrugada de hoje, se desenrolam de acordo com as previsões, encontrando-se dominados vários objectivos importantes, de entre os quais se citam os seguintes:

    • Comando da Legião Portuguesa;
    • Emissora Nacional;
    • Rádio Clube Português;
    • Radiotelevisão Portuguesa;
    • Rádio Marconi;
    • Banco de Portugal;
    • Quartel-General da R. M. de Lisboa;
    • Quartel-General da R. M. do Porto;
    • Instalações do Quartel-Mestre-General;
    • Ministério do Exército, donde o respectivo ministro se pôs em fuga;
    • Aeroporto da Portela;
    • Aeródromo Base n.° 1;
    • Manutenção Militar;
    • Posto de Televisão de Tróia;
    • Penitenciária do Forte de Peniche.

    Sua Ex.ª o almirante Américo Tomás, Sua Ex.ª o prof. Marcello Caetano e os membros do Governo encontram-se cercados por forças do movimento no quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, e no Regimento de Lanceiros 2 tendo já sido apresentado um ultimato para a sua rendição. O Movimento domina a situação em todo o País e recomenda, uma vez mais, que toda a população se mantenha calma. Renova-se também a indicação já difundida para encerramento imediato dos estabelecimentos comerciais, por foma a não ser forçoso o decretar do recolher obrigatório. Viva Portugal!"

    13:30

    Um helicanhão sobrevoa o Largo do Carmo, provocando ansiedade entre militares e civis.

  13. Conversações entre Spínola e Marcelo Caetano

    14:00

    A companhia do Regimento de Infantaria 1 que apoiava Junqueira dos Reis, passa-se para o lado de Salgueiro Maia. Iniciam-se as conversações entre o General Spínola e Marcelo Caetano, para a obtenção da rendição do Presidente do Conselho, através de intermediários.

    Ocupados principais objectivos

    14:30

    Transmissão novo comunicado do MFA, informando que estavam ocupados os principais objectivos. O esquadrão do RC 3, comandado pelo Capitão Ferreira, cerca as tropas do Brigadeiro Junqueira dos Reis. Forças do MFA ocupam a sede da Legião Portuguesa.

  14. Ultimato à GNR

    15:00

    Por ordem do Posto de Comando, Salgueiro Maia pega num megafone e faz um ultimato à GNR para que se renda, ameaçando rebentar com os portões do Quartel do Carmo. É transmitido novo comunicado do MFA.

    Forte da Trafaria

    15:15

    Forças da EPA recebem ordens para libertar os militares presos no Forte da Trafaria, na sequência do 16 de Março.

    Disparos sobre o Quartel do Carmo

    15:30

    filme

    Disparos sobre a fachada do Quartel do Carmo, por ordem de Salgueiro Maia, o que obriga ao reinício das conversações para a rendição de Marcelo Caetano.

  15. Mensagem para Marcelo Caetano

    16:25

    Em consequência da não evolução das negociações para a rendição de Marcelo Caetano, Salgueiro Maia coloca um blindado frente ao Quartel e inicia a contagem para abrir fogo, quando é interrompido por Pedro Feytor-Pinto e Nuno Távora, da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, que se dizem portadores de uma mensagem do General Spínola para Marcelo Caetano. Salgueiro Maia autoriza a entrada no Quartel desses dois mensageiros.

    relato

    Contactos telefónicos

    16:30

    Contactos telefónicos entre o Spínola, Marcelo Caetano e o Posto de Comando do MFA.

  16. Rendição de Marcelo Caetano

    17:00

    Salgueiro Maia entra no Quartel do Carmo e exige a rendição a Marcelo Caetano, que lhe responde que só se renderia a um Oficial-General para que o Poder não caísse na rua. O Posto de Comando mandata o General Spínola para ir receber a rendição de Marcelo Caetano ao Quartel do Carmo.

    relato

    Outro comunicado do MFA

    17:30

    Transmissão de outro comunicado do MFA.

    "O Movimento das Forças Armadas têm ocupados os estúdios da R. T. P. em Lisboa e no Porto, embora no centro emissor de Monsanto se registe uma interferência provocada por forças da reacção, que, a todo o momento serão dominadas. Logo de seguida, a Radiotelevisão Portuguesa entrará ao serviço do Movimento das Forças Armadas e do País, noticiando os seus comunicados."

  17. Rendição de Marcelo Caetano

    18:00

    Spínola chega ao Largo do Carmo e, acompanhado por Salgueiro Maia, entra no Quartel para dialogar com Marcelo Caetano.

    relato

    Novo comunicado do MFA

    18:20

    Transmissão de novo comunicado do MFA.

    "Aqui posto de comando das Forças Armadas. Em aditamento ao último comunicado, o Movimento das Forças Armadas informa a Nação que conseguiu forçar a entrada no quartel da Guarda Nacional Republicana, situado no Largo do Carmo, onde se encontrava o ex-Presidente do Conselho e outros membros do seu ex-Governo.

    O Regimento de Lanceiros 2, onde se recolheram outros elementos do seu ex-Governo, entregou-se ao Movimento das Forças Armadas, sem que houvesse necessidade do emprego da força que os cercava.

    A quase totalidade da Guarda Nacional Republicana, incluindo o seu comando e a maioria dos elementos da Polícia de Segurança Pública, já se rendeu ao Movimento das Forças Armadas.

    O M. F. A. agradece à população civil todo o carinho e apoio que tem prestado aos seus soldados, insistindo na necessidade de ser mantido o seu valor cívico ao mais alto grau. Solicita também que se mantenha nas suas residências durante a noite, a fim de não perturbar a consolidação das operações em curso, prevendo-se que possa retomar as suas actividades normais amanhã, dia 26. Viva Portugal!"

    Chaimite Bula

    18:30

    A Chaimite Bula entra no Quartel do Carmo para transportar Marcelo Caetano à Pontinha.

    Declaração do MFA

    18:40

    Declaração do MFA na RTP.

    Decreto-Lei 171/ 74

    18:45

    Decreto-Lei 171/ 74: extinção da PIDE/DGS, Legião Portuguesa e Mocidade Portuguesa.

    relato

  18. Rendição de Marcelo Caetano

    19:00

    Marcelo Caetano e os ministros Rui Patrício e Moreira Baptista entram na Chaimite Bula.

    relato

    "Vitória! Vitória! Vitória!"

    19:30

    Salgueiro Maia levanta o cerco ao Largo do Carmo e conduz Marcelo Caetano e os ministros ao Posto de Comando, na Chaimite Bula, literalmente envolvida por uma enorme multidão que grita "Vitória! Vitória! Vitória!". A população manifesta-se nas ruas de Lisboa, durante o percurso da “Bula” até ao Posto de Comando e, cerca de 20 minutos depois é emitido novo comunicado do MFA.

    relato

  19. Proclamação do MFA

    20:00

    Transmissão da Proclamação do MFA através do RCP.

    relato

  20. Rendição da PIDE/ DGS

    21:00

    A Chaimite Bula chega ao Posto de Comando com Marcelo Caetano e os dois ministros, que ali ficam detidos até ao dia seguinte. Elementos da PIDE/ DGS disparam sobre a população que cerca a sua sede, causando 4 mortos e 45 feridos. Forças da Marinha juntam-se ao MFA, alcançando a rendição da PIDE/ DGS.

    relato

  21. Prisão de Caxias

    22:00

    relato

    Forças de paraquedistas chegam à prisão de Caxias, onde a PIDE/DGS ainda resiste. É transmitido novo comunicado do MFA.

    "Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas. Segundo comunicação telefónica aqui recebida cerca das 20.30, ter-se-iam verificado incidentes na Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da D. G. S. No decorrer desses incidentes, foram feridas algumas pessoas, encontrando-se já no local assistência médica. Aguarda-se a todo o momento a intervenção das Forças Armadas. Estes incidentes vêm mais uma vez confirmar a necessidade de a população civil cumprir o pedido formulado pelo M. F. A., recolhendo às suas residências e mantendo a calma.

    Para conhecimento de toda a população informa-se que se encontram sanados os incidentes ocorridos com a Polícia de Segurança Publica e que, a partir deste momento, ela aderiu totalmente ao movimento. Assim com a finalidade de manter a ordem e salvaguardar as vidas e os bens, pede-se a todos que aceitem, obediente e prontamente, quaisquer indicações que lhes sejam transmitidas por elementos daquela corporação ou da Polícia Militar. Igualmente deverão ser obedecidos os agentes das Brigadas de Trânsito. Torna-se indispensável que a população continue a manifestar a sua compreensão e civismo. E a melhor forma de o fazer no momento é manter-se calmamente nas suas residências."

  22. Destituição dos dirigentes fascistas

    23:30

    São promulgadas a destituição dos dirigentes fascistas (através da Lei 1/74) e a extinção da PIDE/DGS, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa.