Lavradienses com notoriedade
Nessa época alguns cidadãos atingiram particular notoriedade. É o caso de Fernão Lourenço da Mina, de quem se diz “E todo o corpo da Igreja (Ermida de Santa Margarida) e capela argamassada e os altares com guarda-pós e tudo isto e o mais que adiante faz menção, mandou fazer Fernão Lourenço, fidalgo da casa del Rey nosso Senhor, Vedor da sua fazenda e Casa da Mina e do seu Conselho e cada dia em ela muito mais acrescenta à sua própria custa.» Ocupou vários cargos de importância no reinado de D. Afonso V, D. João II e D Manuel I.
Outro distinto fidalgo foi Brás Afonso de Albuquerque, assíduo residente na sua Quinta do Meloal. Filho natural de Afonso de Albuquerque, escreveu os Comentários de Afonso de Albuquerque – relato dos feitos dos portugueses (especialmente do pai).
Também a família Galvão – Rui e Duarte, respectivamente pai e filho. Este último foi um iminente cronista e diplomata. Serviu os reis D. Afonso V, seu filho D. João II e o seu sucessor D. Manuel I, para quem escreveu a Chronica do muito Alto e muito Esclarecido Principe D. Afonso Henriques, Primeiro rei de Portugal.
Uma das figuras mais importantes da história do Lavradio foi, no entanto, D. Luís de Mendonça Furtado e Albuquerque – 54º. Vice-Rei da Índia – pois terá sido pelo seu empenho que D. Pedro II terá concedido ao Lavradio o estatuto de município em 22 de Maio de 1670. «É tradição que nascêra na quinta da Fonte, e que por este motivo e por ser dedicadamente affeiçoado à sua terra, lhe deu aquele monarca o título de conde do Lavradio.».
Uma curiosidade. O patrono da Escola Básica de 2º e 3º Ciclos é… Álvaro Velho, natural do Barreiro, autor do célebre Roteiro da Primeira Viagem de Vasco da Gama, diário de bordo da viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia. Por outro lado, a primeira Escola Básica de 2º e 3º Ciclos do Barreiro tem como patrono… D. Luís de Mendonça Furtado (e Albuquerque). Porquê? Porque a Escola “Álvaro Velho” começou por ser no Barreiro, vindo depois para o Lavradio, como edifício de raiz, enquanto a “Mendonça Furtado” que seria a escola “do Lavradio” foi para o Barreiro uma vez que já cá estava a “Álvaro Velho”.
Mas nem só de notáveis era constituída a população lavradiense…Tanto quanto se pode constatar nos documentos existentes, a presença de escravos, também no Lavradio, era significativa – «No lugar do lauradio/ [o número de habitantes era de] çemto e çimco?ta e noue/ E de comfisão somemte em que emtrão escrauos/ cimcoemta e seis (…) Fazem em soma as pessoas de comfisão e comunhão do limite e fregesya da dita jgreja duzemtas e vimte oito pesoas e de comFisão somente çemto». Nos sec. XV e XVI a escravatura é encarada como legítima e natural até à extinção oficial da escravatura em Portugal (1836, mas só em 1869 é definitivamente declarada a sua proibição em todos os domínios portugueses).